06625naa a2200145 a 450000100080000000500110000800800410001910000190006024500650007926000090014452062030015365300260635665300190638277300780640111311572021-08-26 2021 bl uuuu u00u1 u #d1 aWILDNER, L. P. aConservar o solo é preservar a vida.h[electronic resource] c2021 aA Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura ? FAO/ONU em seus vários eventos e publicações, desde 2015 quando instituiu o ?Ano Internacional do Solo? e a ?Década do Solo 2015-2024?, têm alertado para o crescimento de áreas degradadas e desertificação no mundo. Segundo o representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic, 33% dos solos no mundo estão degradados, sendo que 14% deste total estão na América do Sul. No Brasil, cerca de um terço da área total de pastagens está degradada, enquanto nas lavouras, apesar do grande avanço do plantio direto nos últimos vinte anos, a erosão e a compactação do solo mostram-se ainda presentes de norte a sul. Considerando que 95% dos alimentos que consumimos vêm ?da terra? e que necessitaremos aumentar em 60% a produção de alimentos em quantidade e qualidade para alimentar uma população de cerca de 9 bilhões de habitantes, em 2050, o manejo correto e a conservação adequada do solo e da água são temas de extrema importância para a sobrevivência humana no planeta Terra. O solo é a camada externa de uma fina camada rochosa (40-60 km de espessura) que dá o formato arredondado ao planeta Terra, chamada de ?crosta terrestre?. O solo é nada mais nada menos que o produto da ação dos elementos do clima (água e energia solar) e dos organismos vivos (micro e macrorganismos, animais, vegetais e o próprio homem) sobre a superfície dessas rochas, cuja ação é influenciada pelo relevo e ocorre ao longo de milhares de milhões de anos. Ao final dessa equação matemática temos como resultado o solo. Dependendo do tipo de rocha (qualidade química dos constituintes da rocha), do relevo onde ela se encontra e da intensidade dos elementos do clima (chuvas e energia solar) o resultado aparecerá como um solo fértil, solo pouco fértil, solo profundo, solo medianamente profundo, solo raso, solo pedregoso, solo turfoso, entre outros. Para termos uma dimensão de quanto demora esse processo de formação, nas condições de Santa Catarina, por exemplo, calcula-se que são necessários de 300 a 400 anos para formar UM CENTÍMETRO DE SOLO. Mas o impressionante é que em, apenas uma chuva forte, ou apenas durante um ano, um centímetro de solo pode ser levado embora pela erosão; e, isto, significa dizer que para recuperar este mesmo um centímetro que havia sido formado em 300-400 anos, demorará mais 300-400 anos para ser novamente formado. Por isso, nem todos os solos podem ser utilizados para uso agrícola; e, àqueles usados para agricultura, devem ser muito bem cuidados para não ser desgastados pela erosão. Por isso a recomendação de que o solo agrícola deve ser corretamente manejado (trabalhado) e conservado (protegido). O manejo diz respeito ao conjunto de operações que são realizadas ou aplicadas ao solo e que visam ao cultivo de plantas e produção de alimentos. Estas operações podem e devem ser realizadas para melhorar o solo a partir de sua condição natural; manter a produtividade de um solo que já é produtivo; ou ainda, recuperar um solo que já foi produtivo e, no momento está degradado, ou seja, fora de suas melhores condições para produzir fazer crescer plantas e produzir alimentos. As principais operações de manejo dizem respeito à melhoria ou manutenção das condições químicas, físicas e biológicas do solo. A parte química diz respeito ao tradicional uso de corretivos (calcário, por ex.) e fertilizantes/adubos necessários para elevar o pH do solo a níveis compatíveis ao bom desenvolvimento das plantas e disponibilizar todos os nutrientes requeridos para produção de frutos, sementes, fibras e raízes. A parte física diz respeito à proteção da superfície do solo com o cultivo permanente de plantas e seus resíduos (palha) visando o controle da erosão e, também, com a produção de raízes que são responsáveis pela manutenção ou melhoria da estrutura interna do solo. A estrutura, através da sua porosidade, é responsável pela aeração do solo ? fornecimento de oxigênio para respiração das raízes, e pela infiltração, armazenamento de água no solo e fornecimento de água ao lençol freático. Finalmente, a parte biológica diz respeito à produção de matéria orgânica através da decomposição dos resíduos e raízes das culturas pela enorme diversidade de organismos, aliás bilhões de organismos, que vivem dentro do solo e que ajudam consideravelmente o desenvolvimento das plantas. São estes organismos que decompõem as plantas e seus resíduos, liberando os nutrientes para serem novamente utilizados para o crescimento de novas plantas ? ao que chamamos de ciclagem de nutrientes, e de inúmeras substâncias orgânicas que protegem as plantas contra o ataque de pragas e doenças, facilitam a absorção de nutrientes e estimulam o seu crescimento, além de ajudarem também na melhoria ou manutenção da estrutura do solo. As práticas de conservação, também conhecidas como práticas conservacionistas, são todas realizadas de maneira a manejar a água que não infiltrou no solo e que escoa sobre a sua superfície de modo a não permitir que esta água se transforme em agente de erosão e cause abertura de sulcos e valetas no solo. Dessa forma as culturas são semeadas em nível e, também, são construídas nas lavouras estruturas de terra conhecidas como terraços. Os terraços dividem a lavoura em inúmeras secções de modo a recolher a água, forçar a sua infiltração e evaporação, e, em alguns casos levar o excedente dessa água até locais seguros para seu armazenamento ou até o destino definitivo. O conhecimento do solo e as respostas que ele nos dá a cada ação que recebe surpreende a todos os que se dedicam ao seu manejo. Por isso os profissionais que se dedicam à produção agrícola (agricultores e técnicos) a cada dia passam a praticar mais criteriosamente cada operação de cultivo e a adotar tecnologias inovadoras com o objetivo de aumentar a produtividade do solo. Um solo bem nutrido, bem estruturado é um solo de qualidade, um solo produtivo e capaz de sustentar a produção de alimentos que tanto necessitamos. aConservação do solo amanejo do solo tRevista Mais Dinâmica, Chapecó, SC.gv. 42, n. ago/out, p. 50-51, 2021.